Tuesday, July 31, 2007

Não esquecer

Não esquecer:

Proibir JÁ as buzinas nos automóveis. Já não há ovelhas nas estradas, e foi por isso que elas apareceram (e bem). O meu avô ainda buzinava antes de cada esquina. Agora, as buzinadelas são apenas uma insolência consentida.

Thursday, July 26, 2007

A Menina Feia e o Príncipe Mercado

Fiquei verdadeiramente entusiasmado com duas crónicas publicadas hoje no Jornal de Negócios, por Pedro Vassalo (a direita católica, conservadora e pró-vida) e por Manuel Caldeira Cabral ( a direita moderna e liberal).

Na primeira, Pedro Vassalo, depois de explicar que a direita não teve derrota nenhuma nas eleições de Lisboa, e depois de afirmar que António Costa tem sete vereadores (tem seis, mas os números sempre fizeram confusão ao rapaz), afirma que "a direita tem tido azar. Freitas desencantou, Cavaco nunca se comprometeu (sempre teve uma agenda pessoal, como agora se percebe), Durão Barroso preferiu servir-se dela, e Santana nunca deveria ter sido o que foi.".

Uma autêntica tragédia - que Vassalo, com originalidade, designa por tsunami. "E já é tempo da direita se assumir, e perder o complexo da menina feia, gordinha, sem graça nem chama, sempre apinocada à última moda para ver se alguém dá por ela e a convida para sair."

Fiquei com pena da menina feia. Que fazer? A solução vinha, inesperadamente, na crónica de Caldeira Cabral (sobre a tragédia do urbanismo):

"... os direitos de propriedade estão muito mal definidos e ainda pior salvaguardados. Imagine-se uma alternativa em que as Câmaras continuavam a regular a construção, mas que os direitos de construção eram atribuídos de uma forma clara e independente. Alguém que quisesse construir para além dos seus direitos teria de os comprar no mercado. E alguém que visse os seus direitos de construção negados, por razões urbanísticas, poderia vendê-los. (...) Actualmente, se uma Câmara definir uma área como espaço verde e a quiser expropriar, paga uma indemnização com base naquilo que definiu. Ou seja, neste caso, o município é legislador, regulador e comprador. Um claro abuso de poder."

Eureka. Vamos apresentar a Menina Feia da "direita católica" ao Príncipe Mercado, a ver se eles se entendem (e nos deixam em paz) ?

Os direitos provenientes do casamento estão muito mal definidos e ainda pior regulados. Imagine-se uma alternativa em que o Estado continuava a regular o casamento, mas em que o direito à infidelidade era atribuído de uma forma clara e independente. Alguém que quisesse ter relações extraconjugais teria de comprar esse direito no mercado. E alguém que se quisesse manter fiel poderia vendê-los. Actualmente, quando o Estado define imperativamente o casamento como um espaço de fidelidade, expropria o cidadão casado do direito fundamental a dormir com quem quiser, e nem sequer o indemniza por isso. Ou seja, nesse caso o Estado é legislador, regulador e nem sequer é comprador. Um claro abuso de poder.

É isto que quer a "Direita"? Se não, espero que compreenda que só deixará de ser apinocada quando deixar, também, de estar enamorada do Pinóquio.

Tenham dó.

Wednesday, July 25, 2007

Calor continua

Grécia, Albânia, Kosovo e Montenegro com falhas no abastecimento de energia devido ao calor que continua; incêndios no Sul de Itália, na Roménia, na Bulgária.

Os últimos dados: 17% da superfície da Europa têm já, ou terão muito em breve, problemas no abastecimento de água.

Não me lembro se já disse que as campanhas publicitárias a galhofar com o aquecimento global são de absoluto mau gosto.

Falta?

Seria aliciante para um paranóico supor que o curioso facto referido no post abaixo (a poucos dias da tomada de posse da nova Câmara), bem como a acusação feita pelo mesmo Ministério Público no chamado caso BragaParques (essa, quase no fim da campanha eleitoral em Lisboa) são peças numa estratégia cuidadosamente desenvolvida por alguém com muito poder para - a prazo - "retirar espaço" (como hoje se diz) ao vereador Sá Fernandes, cujo papel na denúncia das situações em que Lisboa vivia (e vive) é bem conhecido. O Sá Fernandes faz falta, ou não teríamos o que agora temos.

Em resposta a esse paranóico diria, não tanto que não acredito no poder - ou no seu (mau) uso - mas que dificilmente alguém que tão manifestamente subestima o poder de quem fala a verdade chega a uma posição de verdadeiro poder.

Isto, claro, sem grande esperança de o convencer. Quem mente a todos acaba quase sempre por mentir a si próprio, e muito contente por se ter conseguido enganar. Até ao momento em que tenha o poder quase todo, e não faça falta quase nenhuma.

Lisboa Dourada

DESPACHO

A equipa constituída para dirigir e coordenar a investigação dos inquéritos abrangidos pelo chamado “Apito Dourado” desempenhou com dedicação, competência técnica e respeito pelas normas em vigor, as tarefas que lhe foram confiadas, justificando-se por isso a continuação da sua actividade como grupo homogéneo.

Por outro lado, a complexidade processual, a especialização exigida, a repercussão social e política e o fio condutor que existe entre os inquéritos pendentes relativos à Câmara Municipal de Lisboa, são factores que aconselham um tratamento unitário, com uma direcção concentrada de investigação.

Assim, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 12º, n.º 2, alínea b) e 68º n.º 1 do Estatuto do Ministério Público, decido:

a) Nomear para dirigir e coordenar a investigação de todos os inquéritos neste momento pendentes e aqueles que resultarem da sindicância em curso, relativos à Câmara Municipal de Lisboa, a Senhora Procuradora-Geral Adjunta, Dr.ª Maria José Morgado, que será coadjuvada pela equipa já constituída;

(...)

Lisboa, 25 de Julho de 2007

O Procurador-Geral da República (Fernando José Matos Pinto Monteiro)

[disponível na íntegra no site do "Público" de hoje]

Tuesday, July 24, 2007

Caso sério, séria gente

Então continuemos. Em Portugal, a imprensa acrescenta mais alguns dados, sem os apresentar em conjunto: coisas para entreter no Verão. Na região central da Hungria, 230 mortos esta semana devido ao calor, 30% acima do que seria de esperar nesta época do ano. 30 mortos na Roménia. Na Macedónia e na Grécia, falhas de electricidade com uma temperatura acima dos 40.º.

A CNN dá pormenores sobre a Inglaterra, onde o novo Primeiro Ministro fala em mil e seiscentos milhões de libras de prejuízos. Algumas centenas de milhões de euros serão, provavelmente, reclamados às Seguradoras: é por isso que estas são - enquanto se não conseguirem libertar dos seguros climáticos - as mais fiáveis das grandes empresas nas declarações que façam sobre o assunto. Há umas semanas deixei aqui referência a um representante da Swiss Re, uma das maiores: o senhor que falava dos ciclones tropicais em Lisboa daqui a uns vinte anos.

Tornar-se-á mais forte a consciência ambiental da Grã-Bretanha e o seu papel como a única potência do mundo a sentir-se na necessidade de mudar o estado de coisas? Havemos de ver.

O Independent publicou, no dia 22, a notícia mais importante: pela primeira vez na História, o National Petroleum Council, uma organização da grande indústria (a ExxonMobil, a Shell, a BP...) petrolifera mundial que assegura determinadas ligações ao governo americano, publicou um relatório em que admite a hipótese de o abastecimento de petróleo e gás natural poder ser mais ou menos seriamente afectado a partir de ... 2015, com "perturbações" a começar daqui a cinco anos. Até agora, a indústria sempre afirmou que o aumento da oferta seria suficiente para enfrentar o acréscimo da procura no período necessário para encontrar as soluções mirabolantes que há décadas nos andam prometendo. Agora, preparemo-nos para o curto prazo. Pois.

"A shortage of oil and gas", acrescenta o Independent, "has been predicted to cause industrial collapse, market crashes, resource wars and a rise in poverty. Some forecast that fascist regimes will rise out of the chaos.". Preciso traduzir?

O ambiente faz-nos pensar em árvores, e por falar em árvores soube-se hoje que o Ministério Público deduziu acusação no chamado "caso Portucale". Cito o "Público on-line":

"O caso Portucale relaciona-se com o despacho que declarou a “utilidade pública” de um projecto do GES para um empreendimento turístico em Benavente, autorizando o abate de mais de 2.500 sobreiros e que foi assinado pelos ex-ministros Costa Neves (Agricultura), Nobre Guedes (Ambiente) e Telmo Correia (Turismo), a escassos dias das eleições legislativas de 2005.

O despacho, sustenta a acusação, terá sido feito a troco de contrapartidas financeiras no valor de um milhão de euros que terão revertido a favor do CDS-PP, de quem Abel Pinheiro era director financeiro." [fim de citação]

Além de Abel Pinheiro, três responsáveis de uma das sociedades do Grupo Espírito Santo são também acusados.

Devo dizer que me estou nas tintas para a chamada "dimensão política do escãndalo" desta coisa. Já não estou quando vejo um Ministro do Ambiente, num governo de gestão, a declarar a utilidade pública de um empreendimento de um grupo financeiro. O "turismo" e o "imobiliário" são as cenouras à frente dos burricos. E sim, também me não estou nas tintas para o grupo presidido pelo Senhor Ricardo Salgado.

Prontos?



Cheias na Inglaterra. 350.000 pessoas sem água, 50.000 casas sem energia eléctrica. A Agência do Ambiente (Governo) admite que a causa seja a tendência para "extreme weather conditions" no contexto das alterações do clima.

Na Bulgária, ontem, 45.º. A temperatura mais elevada alguma vez registada no país.

O governo português, pela mão do seu Primeiro Ministro, anuncia um "choque tecnológico no ensino", com "computadores". Foi divertido ver na televisão uma crianças sorridente junto a um computador com uns bonecos às cores dizer que o pai tinha recebido trinta euros para que ele fizesse o papel de criancinha feliz. Não sabemos se a avózinha terá vindo de autocarro festejar a vitória do António Costa em Lisboa.

Wednesday, July 18, 2007

Música da tarde

Os delfins, "sou como um Rio".

Parece que é efeito das eleições.

Tuesday, July 17, 2007

fim de tarde

Sou muito against o empire americano. Ainda agora, by the way, estive na net a ler some incredible stuff de alguns young - and less jovens - bloggers que resistem à cultura que they want-nos impor. É claro que some of eles são upperclass no good sentido, rather conservative, o que ainda por cima lhes give uma boa capacidade de overview. Mas quem faz o que can a more não está thanks. A America não rulará.

O que acima ficou dito e dita não significa apoio às ideias e aos ideios dos conservadores e das conservadoras. Pel@ contrári@, acho urgente mudar um dato e uma data de coisos e de coisas.

Por exemplo estas - que estes, uns e outros, já me parece que não mudarão. If you know what I mean.

Thursday, July 12, 2007

Meditação 1

Pela primeira vez na história parece aos herdeiros dos romanos, e aos herdeiros dos escravos romanos (que outra coisa somos nós, ainda?), não apenas impossível a guerra mas impensável a revolta.

Talvez esta afirmação seja errada: na verdade deve ter havido outros momentos assim.

Mas, dantes, a embriaguez durava apenas umas horas.

Friday, July 06, 2007

Toward Bethlehem

Eis um artigo para pensar. Tenho pena de não ter tempo para o traduzir.

O link, que dá acesso a mais coisas, fica Aqui

"HAPPY INDEPENDENCE DAY", por Carolyn Baker.



Turning and turning in the widening gyre
The falcon cannot hear the falconer; Things fall apart; the centre cannot hold;
The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere;
The ceremony of innocence is drowned;
The best lack all conviction, while the worst
Are full of passionate intensity.
Surely, some revelation is at hand;
Surely the Second Coming is at hand.
The Second Coming! Hardly are those words out
When a vast image out of Spiritus Mundi
Troubles my sight; somewhere in the sands of the desert
As shape with a lion body and the head of a man,
A gaze blank and pitiless as the sun,
Is moving its slow thighs, while all about it
Reel shadows of the indignant desert birds.
The darkness drops again; but now I know
That twenty centuries of stony sleep
Were vexed to nightmare by rocking cradle,
And what rough beast, its hour come round at last,
Slouches toward Bethlehem to be born?

-William Butler Yeats-

As this article is being written the world is entranced with terrorist attacks in the United Kingdom, and U.S. residents are stocking up on beer and barbecue for the most sacrosanct of all American holidays. Barefoot children are running through sprinklers and reveling in backyard swimming pools. Fireflies flicker through muggy Midwest nights, and urban jungles swelter in a sultry aura of crime and poverty. But whether in the McMansions of Florida bedroom communities or locked in the suffocating despair of Chicago’s Cabrini Green, everyone knows—everyone feels it, but no one is talking about “it.” That “it”, that “something” is why depression is rampant, and why Americans are so sleep-deprived. That “something” can’t be fixed with a new mattress or more Tylenol PM, and when long nights of fitful or no sleep turn into another workday, the American way is to rise and shine into frenetic workaholism and ten thousand other distractions so that no one has to think or talk about “it”.

“It” is the sickening, gut-wrenching, capillary-constricting, heart-palpitating, suffocating, terrifying, paralyzing awareness in the deepest recesses of the body and soul that the entire house of cards for which Americans have worked, saved, sacrificed—for which they have sent their children off to war and off to college, which they have been willing to defend to their death and which has given them meaning when nothing else would—all of that, yes ALL of that is collapsing, dissolving, disintegrating, disappearing, slipping away. Perhaps only subconsciously weary of war and tormented by finances as they are, some part of them knows that their children aren’t going to college, that they won’t be able to stop foreclosure on their home, that their increasing reliance on credit cards postpones bankruptcy a little longer but makes its consequences ever-more brutal, and that when it’s all said and done, the retirement package and the 401K they were counting on for the worst-case scenario, like the rollicking good times of the pre-dot-com nineties, has simply evaporated into history.

All of this is horrifying enough by itself, but add to this the reality that these same Americans no longer live in a democratic republic and that they have lost all perspective of what that actually means. In 2004 I wrote an article entitled “Hello, You Are Now Living In A Fascist Empire” which at the time drew many emails telling me how paranoid and hopelessly locked into “conspiracy theory” I was. Now, three years later, Rodrigue Tremblay in his article “Imperialism And Fascism Are On The Rise In The USA” has updated the history of America’s descent into fascism, listing the tyrannical steps taken within the past six years to shred the Constitution and eviscerate the republic.

Sadly, I notice that some of the same progressives who labeled me paranoid in 2004, while now appalled at the litany of civil liberties destroyed by the current regime, still do not comprehend the reality of collapse. As a result, I keep hearing their illusions in the emails I receive and in the articles they write on websites and blogs. Not unlike the middle-class, sleep-deprived, thoroughly distracted and denial-crazed workaholics mentioned above, they believe that somehow the show can be kept on the road if only progressives do the right things.

William Butler Yeats, a highly intuitive poet, wrote “The Second Coming” in 1921 as Hitler was getting warmed up and learning to speak in front of large crowds. Yeats knew that somehow things were falling apart and that the center could not hold. His poem now reverberates down through the decades to our time and our “second coming.” This will not be the second coming of the LaHaye-Jenkins crowd. No Rapture nor extraterrestrial throngs will sweep away the “faithful”, followed by the destruction of the earth by Jesus and his followers. No, Jesus’ so-called followers are doing that here and now—and have been doing so in his name for the past two thousand years, calling it “having dominion over the earth.” And in my opinion, those progressives who pride themselves in their optimism, who refuse to face the collapse of civilization, blinded by their illusions, are no more enlightened than the fundamentalist Christians or New Age devotees who are waiting for the second coming of Jesus or the arrival of rescuing aliens from other worlds.

Many individuals love to debate whether collapse will be “fast or slow”. According to the “slow burners”, those who say it will be sudden are delusional, whereas those who insist on its suddenness reject the collapse as a gradual process. Even the issue of collapse is replete with the distractions of a conflict over “slow” or “sudden.” Western Civilization and Christianity in particular have left their mark on us in the polarization that we can’t seem to extricate ourselves from, even over the issue of collapse. It is, in some respects, that very duality that has created the end of civilization as we have known it, yet we cling to the polarization as if our lives depended on it.

Collapse, on a more metaphorical level, is a form of apocalypse, and apocalypse is simply a Greek word meaning, “the lifting of the veil.” When veils are lifted, reality is seen for what it is, and given that definition, apocalypse has been going on for a long time. Think of the veils that have been lifted just in the past seven years: The 2000 election, the crimes of 9/11 perpetrated by the U.S. government, Enron, Peak Oil, climate change, the incomprehensible levels of corruption in the U.S. government, the trillions of dollars of missing money, the deceptions of the Iraq War, the coverup of Pat Tillman's death—the list could go on and on. The biggest veil to be lifted is that humans are the superior life form on planet earth and that they have a right to conquer, rape, pillage, and own its resources. Collapse, which in my opinion has been going on for at least thirty years, is lifting the veil of that illusion and will reveal incontrovertibly the lie that it is, but for some, the lie cannot be allowed in their consciousness until there is nothing—and I mean nothing, left to lie about.

Here are some other illusions:

·Somehow the system works. Although there are abuses and many of our civil liberties have been irreparably eroded, things will get “fixed” in 2008 with the election of a new president.(This assumes that the current regime will allow an election in 2008 and that electronic voting can somehow produce viable elections. This also assumes that Presidents or Vice-Presidents actually rule the nation when in fact the nation and the world are ruled by centralized financial systems, the Federal Reserve and other banking interests.)

·There will BE an election in 2008, and it will be legitimate. The neocons can’t last forever, and the pendulum will swing back to the left. (This assumes that that since the end of the Civil War, there has been a pendulum—a choice between the ruling elite and something else. It also flies in the face of massive evidence that clean federal elections do not exist in the U.S. Moreover, Congress is about to pass a computerized voting bill that will seal election corruption permanently.)

·The Iraq War is not being won nor are U.S. troops being withdrawn because of the incompetence of the Bush Administration. (This assumes that it was the intention of the regime to win the war in Iraq. It denies the reality that things are proceeding in Iraq exactly as they have been planned.)

·Peak Oil is not real. Skyrocketing oil prices are due to the domination of the Executive Branch of government by oily politicians, and once a Democrat takes up residence in the White House, prices will level off. Alternative energy and innovative technology will create solutions to the energy dilemma that the Bush administration is suppressing but which will not be suppressed by a Democratic administration. (This explanation defies the massive evidence confirming the reality and consequences of Peak Oil and the reality that the Democrats have done virtually nothing to address oil depletion.)

Fact vs. reality:

If as a politician you know that Peak Oil is real, you and your family have been planning for it for years, you have years of food and water stored in bunkers heated and cooled with solar energy, and if you know that telling the nation about it is bad for business and for your political future—if the Pentagon is already simulating how the public will react to food and fuel shortages, and if the economy and your personal financial well being depend on the weapons industry, then you cannot and will not disclose the reality of Peak Oil to the nation. You cannot and will not implement rationing, a massive scaling back of consumption of fossil fuels and other goods and services, and a radical transformation of the American lifestyle. You can only do one thing: You can only lie about energy depletion and expand empire to acquire the last remaining drops of oil on earth and profit not only from that oil but from the wars “required” to obtain it.

·Global warming is real, and Al Gore has the first and last word on it. That’s why he must be elected president. (Al Gore did not invent global warming any more than he invented the internet. This illusion discounts other notable research on climate change by a host of other researchers. It also discounts “inconvenient truths” about Al Gore.)

·The economic challenges facing the U.S. and its middle class will be resolved by a Democratic administration. A Democratic president will enact new priorities and bring the troops home from Iraq, will massively scale back the Pentagon’s budget, and allocate money that would have been used for war to solve domestic problems such as poverty, a crumbling infrastructure, inflation, the mortgage meltdown, and healthcare. Another New Deal type of economic effort is needed to restore America’s prosperity. (The first flaw in this argument is the illusion that the Democrats have done anything to end the war in Iraq. The 2006 mid-term election confirmed that politicians care little what mandates the American people may give them. The second flaw is the failure to grasp the extent to which the government of the United States is captive to the interests of corporations and financial systems, particularly the Federal Reserve, and the reality that there is transparency neither in how financial resources are acquired and spent, nor in the government’s economic statistics.)

The recent release of de-classified CIA documents revealing the agency's sinister actions in past decades is something to be celebrated. (It may be tempting to be impressed by the so-called "family jewels", but only if one does not understand a very old CIA strategy called the limited hangout in which certain pieces of incriminating information are thrown like crumbs to agency critics, obfuscating more damaging information which is not being disclosed. When the agency supplies every piece of information it has about the assassinations of John F. Kennedy, Martin Luther King, Jr., and Robert Kennedy and when it discloses the creation and maintenance over decades of a black budget to finance secret operations and military adventures unknown to Congress and the America people, there might be something to celebrate. Perhaps the most important message implicit in the release of the documents is the illusion that the CIA no longer behaves as badly as it did in earlier times. The "new" CIA of the twenty-first century is ostensibly more enlightened, more professional, and operates with higher standards than in previous decades. And of course, Americans who have little knowledge of the agency's history and dirty tricks--and the philosophy of "by whatever means necessary" which lies at its core, are easily duped into believing the agency has fundamentally changed its modus operandi. In fact, CIA watcher, Wayne Madsen, documents that the agency is still committing the same abuses as it did in the seventies.

·The 9/11 Truth Movement is the key to our liberation. If we can just get enough people to understand that the crime was perpetrated by the U.S. government, the empire’s unclothed status will be revealed, and it will fall. (What these well-meaning individuals cannot comprehend is that in order for 9/11 truth to accomplish anything, a viable government must be in place. When the so-called government is in fact comprised of corporations, financial systems, and individuals who have profited and will continue to profit from 9/11--when there is no presidency, Congress, or Supreme Court, 9/11 truth is yet another tragic joke.)

The real truth is that over 70 million Americans question the official story of 9/11, and can we really believe that those other sleepless Americans tossing in their beds at night and frantically working during the day do not know in their guts and in the marrow of their bones that the U.S. government murdered over 3000 of their fellow citizens on 9/11?. An abusive system is an abusive system whether it's the nuclear family or a fascist empire. Everyone in the family knows that daddy is molesting the kids, but no one wants to talk about it. If we don't, maybe it will go away. If we really do go shopping as the president asked us to do right after 9/11 and wave flags on the Fourth of July and yammer a little more about supporting the troops, maybe we can sleep better and forget what we know really happened on that day.

And what are the 9/11 truthers doing to prepare for a world with no oil, no food, and no water? Have they not noticed that fascism is galvanizing more firmly in the United States with every passing moment? Are they really so ignorant of history that they believe the Reichstag fire scam could have been exposed in a fascist empire?)

Every day I receive emails which in some way echo these illusions—messages informing me about what Congress is doing, how electing Ron Paul will save the world, how yet another barrage of physicists and architects have proven that the World Trade towers were blown up, or celebrating the fact that the Democrats have subpoenaed members of the Executive branch. All of the messages report events which are too little, too late—you see, as Yeats says, the falcon can no longer hear the falconer. We’ve passed the point of no return—in climate change (so say the experts), in politics, in economics, in energy depletion. In this moment, the old paradigm is triumphant, and all our illusions and antiquated methods of addressing it are absurdly ineffectual.

“The Second Coming” is a poem about death and birth—in that order. Out of collapse, something is trying to be born, and will be whether we recognize it or not, whether we personally survive or not, whether the entire planet is incinerated or not. I know not what form the birth will take, nor do I know if I will live to see it. I do know that births are usually fraught with pain, and according to some mothers, it is the most excruciating pain one can experience. They also tell me that the pain and the unimaginable work giving birth takes, made them appreciate their child even more than if it had simply dropped down out of the sky into their lap.

Believing that we have a government and that somehow it can be resurrected and made to work for us is not only delusional, but makes the believer of the illusion part of the very problem she/he purports to solve. As Derrick Jensen notes, millions of people can be led to gas chambers if they can be made to believe that they are only going somewhere to take a shower. Of course, the illusion is much more pleasant, and as we know, Americans love pleasantries. God knows, we are sleepless enough already.

Collapse, sudden or gradual, is upon us. It’s Independence Day, and we have no government. The blood-dimmed tide is loose. Time to let the flow of that blood take us out of the old paradigm as it took Cindy Sheehan just a few weeks ago and into preparation on all of the levels on which we must prepare. Something slouching toward Bethlehem is trying to be born.

Thursday, July 05, 2007

Lisboa diária

Começou agora a campanha oficial para a Câmara de Lisboa, e a primeira conclusão é a de que José Sá Fernandes ganhou em pleno tudo o que até agora houve para ganhar. Falta votar, claro, e isso é agora o que mais importa. Falta, depois, fazer muita coisa, e mostrar muita coisa, e chamar muita gente, e preparar Lisboa para em 2009 (com uma Assembleia Municipal renovada) se livrar de vez dos vampirinhos de carnaval que a têm filado desde há décadas. Mas a Lisboa de que se fala agora é a Lisboa que Sá Fernandes mostrou, e não aquela que os seus adversários gostariam que nos bastasse.

Quem acharia hoje possível impressionar o mais patarata dos lisboetas com um candidato que se lançasse ao Tejo a nado? Quem se lembraria hoje de anunciar obras de arquitectos megalómanos para "marcar" a cidade? Quem se atreveria a propor em voz alta alguém como o tragicómico doutor Carrilho como candidato? Mas ainda há uns anos era com números de circo desse género que se ganhavam - e se perdiam - eleições autárquicas.

Desde o primeiro debate público, o da SIC, ficou clarinho que quem ditou a agenda foi o candidato apoiado pelo Bloco de Esquerda. Rapidamente todos entenderam que desta vez não bastariam o rigor, a competência e mais as outras coisas todas que já sabemos que todos têm. Desta vez, a casa já sabe do que a casa gasta, e isso não se deve a mais ninguém. Podia ter-se devido - também - a Maria José Nogueira Pinto, que desperdiçou a oportunidade da sua vida.

E agora temos todos a falar de Lisboa, ou a fingir que falam dela quando não sabem o que hão-de dizer. Se Fernando Negrão tem o ar atarantado de quem se vê no palco sem ter sequer lido o guião da peça, se Telmo Correia se refugia na pose nerd do tecno-varredor da Câmara, se António Costa debita vacuidades governativas com o sorrisinho de mono liso a que no Governo nos habituou, se Roseta murchou mais depressa que um manjerico pífio, se Carmona Rodrigues acha que é um trunfo conhecer a Câmara - e que a conhece sabemos nós bem - é apenas porque nenhum deles sabe, nem pode, nem quer, responder claramente às perguntas do grupo Lisboa é Gente: afinal, que querem fazer em concreto? A comédia rápida que as campanhas costumam ser transformou-se para eles numa espécie de interminável filme de Manoel de Oliveira: só Rebelo de Sousa, com a sua lucidez feita de veneno, avisou que era dramático tanto tempo até às eleições. Pois é.

A procissão vai no adro. E todos estes senhores - menos o Dr. Telmo - serão vereadores ansiosos por liderar a oposição. Quem havia de dizer? José Sá Fernandes já ganhou - cumprindo o que nos prometeu há dois anos. E nós vamos ganhar agora também - cumprindo o que há dois anos lhe prometemos: Lisboa é gente, e Lisboa é gente decente.

A verdade a fingir ("Que fazer?")

Transcrevo agora de "Calor" ("Heat"), de George Monbiot, trad. portuguesa da ViaOptima, 2007:

"O cientista-chefe do governo britânico, Sir David King, foi heróico na chamada de atenção que fez para os perigos das alterações climáticas, e fartou-se de ser criticado por causa disso. (...) Em Setembro de 2005, assisti a uma conferência em Londres em que Sir David era orador. Disse ao público que uma meta "razoável" para estabilizar o dióxido de carbono na atmosfera era 550 partes por milhão (...) a meta estabelecida pelo governo britânico. Seria "politicamente irrealista", disse, exigir qualquer número mais baixo.

Simon Retallack, do Instituto para Investigação de Políticas Públicas, levantou-se e lembrou a Sir David que enquanto cientista-chefe o seu dever não é representar a realidade política, mas sim representar a realidade científica (...) Sir David respondeu que se recomendasse um limite mais baixo perderia credibilidade junto do Governo.

Penso que muitas pessoas sentem como ele: que se adoptassem a posição determinada pela ciência em vez de a posição determinada pela política, ninguém os levaria a sério.

Mas o pensamento que me preocupa mais é o seguinte. À medida que as pessoas dos países ricos (...) começam a acordar para o que a ciência está a dizer, a negação das alterações climáticas parecerá tão estúpida quanto a negação do Holocausto ou a insistência em que a Sida pode ser curada com beterrabas. Mas a nossa reacção será exigir que o governo aja, enquanto esperamos que o não faça. Desejaremos que os nossos governos finjam agir. Ficamos com a satisfação moral de dizermos o que sabemos ser correcto, sem o desconforto de o fazer.

O meu medo é que os partidos políticos da maioria das nações ricas já tenham reconhecido isto. Sabem que queremos metas exigentes, mas que queremos também que essas metas não sejam cumpridas. Sabem que resmungaremos sobre o seu fracasso em impedir as alterações climáticas, mas quie não iremos para as ruas. Sabem que nunca ninguém se amotinou em nome da austeridade."

Não se pode ser mais claro, digo eu agora. Se alguém que me lê tiver 17 euros para investir, leia este livro. E acrescento que é por esta brecha que vai passar o fascismo do século XXI. Não vai ser um fascismo nascid0 na rua, como o antigo. Vai ser uma coisa tecnológica, pensada, organizada, fria. Já o começa a ser. Será, e isso é o mais caricato, uma tecno-ditadura verdinha.

Monday, July 02, 2007

O medo (conversa com Tiger Claw e Gotika)

(ver as observações do Tiger Claw, e da Gotika, em comentário ao meu "que fazer" no penúltimo texto)

Algo suficientemente atroz para um verdadeiro "medo planetário" teria que ser uma ameaça para além do "planificável": o clássico asteróide em rota de colisão, por exemplo. Não é disso que se trata.

>Mas vale a pena reparar na diferença - e no progressivo alargamento da diferença - entre o Reino Unido e os EUA no que toca ao ambiente. A Grã-Bretanha é uma ilha frágil. Nós, aqui em Portugal (e abstraindo agora das consequências ambientais em cadeia que se seguiriam), viveríamos pior sem a corrente do Golfo, mas viveríamos; a Grã-Bretanha voltaria ao gelo pagão do Norte Europeu. E penso que no inconsciente inglês (em sentido estrito) vive ainda uma coisa que também os torna únicos (ou quase): a Inglaterra foi o único país de onde as legiões de Roma se retiraram sem combater. Tudo isso foi reavivado por dois séculos de culto literário das lendas de Artur: as águias voam para o pôr-do-sol, e ficamos sozinhos a enfrentar os bárbaros.

Não, o medo de que falo é o medo que as massas venham a sentir nos países onde as persuadiram de que o poder lhes estava entregue: é o medo no coração do império, e por tabela o medo nas periferias do império, onde nos situamos nós e alguns outros. E embora os caminhos do fascismo americano sejam diversos dos do fascismo europeu, não penso que apenas o primeiro seja "teoricamente possível" (em Portugal, grande parte da população está manifestamente disposta a entregar a liberdade a um chefe "forte", mas Portugal é, também, um caso à margem. Para já).

Ao longo do mês de Junho - que foi pacato em termos globais - uma tempestade tropical ameaçou muito de perto a região do Golfo, coisa que não acontecia pelo menos desde 1930. Os preços do petróleo oscilaram um pouco (nenhum jornal português de economia relacionou os dois factos, e no entanto bastava ter lido as primeiras páginas dos jornais financeiros de Londres). Depois, um tufão asiático atingiu directamente 800.000 pessoas habitantes das regiões alagadas, as mais frágeis do planeta. Os nossos jornais falaram disso como "época das chuvas". O medo dos outros, e o medo dos pobres, é para nós coisa de não-saber.

No entanto, a FEMA (a "protecção civil" americana, a quem coube a primeira - e manifestamente insuficiente - resposta à destruição de Nova Orleães, já reclamou que lhe fossem concedidos "military powers". Um aspecto é o do esforço de guerra americano no Médio Oriente, que retira à segurança interna dinheiro e material de primeira ordem. Mas os Estados do Sul começam a deslizar para uma psicose de vigilância. Tudo depende de voltarem a ser atingidas as grandes cidades.

E desta vez o fascismo não vai ter bandeiras, hinos e desfiles; não vai ser "ideológico". Vai ser apenas - se alguma coisa for - a proclamação do estado de emergência e a gradual suspensão dos direitos individuais em nome da sobrevivência colectiva. Até aí nada que um governo democrático não tivesse de fazer à mesma. O problema é, claramente, a hierarquia de prioridades em tal situação. Começa-se por restringir a propriedade privada ou começa-se por restringir a liberdade de expressão? E eis que a História está de volta.

Sunday, July 01, 2007

Os pontos nos ii

Oh meu caro vamos lá pôr os pontos nos ii

(Sérgio Godinho)

"Não participaremos nem num executivo de Bloco Central, onde todos os jogos de interesses confluem, nem numa espécie de União Nacional, onde nada de corajoso e de bom para a cidade se possa decidir. Em qualquer uma destas falsas soluções, seremos oposição, evidentemente. Estamos disponíveis para fazer parte de uma solução. Não estamos disponíveis para fazer parte de uma salada russa.

"Queremos saber o que querem fazer no governo da cidade para pensarmos em convergências com vista a uma mudança de rumo. E isso exige clareza. E clareza é o que tem faltado. Estamos habituados a que nos vendam programas eleitorais que não correspondem às medidas concretas quando chegam ao poder. Depois nada dá a “bota com a perdigota”. É já na campanha e não depois dela que tudo se deve clarificar.

"Queremos saber o que pensam as outras candidaturas, as candidaturas que devem participar numa mudança em Lisboa, sobre seis assuntos fundamentais. É o mínimo que os lisboetas podem exigir. Queremos saber o que pensa Ruben de Carvalho, Helena Roseta e António Costa, que dirigem as três candidaturas com as quais poderemos vir a convergir para uma solução, sobre seis pontos que para nós são pontos de partida para qualquer entendimento:

"Primeiro: comprometem-se agora, antes das eleições, a aplicar o Plano Verde de Gonçalo Ribeiro Telles e a agir imediatamente para que ele não fique comprometido? É fundamental que sejam imediatamente aplicadas medidas preventivas, proibindo a construção nas zonas abrangidas pelo Plano, nomeadamente na Quinta José Pinto. Participarei numa maioria que escolha o ambiente. Não participarei numa maioria que o use na lapela mas não tenha a coragem de defender a cidade.

"Segundo: comprometem-se agora, antes das eleições, a agir na Câmara para o completo esclarecimento do que se passou em todos os negócios que a Bragaparques teve com a autarquia? Pretendem adoptar uma posição clara contra a permuta dos terrenos da Feira Popular e do Parque Mayer? Não vejo como a participação do PSD e de Carmona Rodrigues numa maioria de governo da cidade poderia garantir tal necessidade. E temos recebido os piores sinais. António Costa diz, a propósito do vergonhoso negócio do Parque Mayer e da Feira Popular, que esperará por uma decisão dos tribunais. Acontece que a Câmara é parte desse processo. Que posição deve tomar? Continuará a Câmara a manter a posição que tinha antes, enquanto espera por uma decisão? Ou fará tudo para anular este negócio ruinoso para a cidade? Não participarei em nenhum executivo que não tenha esta segunda opção. Porque ela é importante para Lisboa e porque ela é um sinal para o futuro.

"Terceiro: comprometem-se agora, antes das eleições, a impedir novas urbanizações na frente ribeirinha, nomeadamente na Docapesca e entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia? Comprometem-se a ter uma posição firme para retirar à Administração do Porto de Lisboa a tutela de toda a zona não ocupada por equipamento especificamente portuário? Nenhum dos outros candidatos se comprometeu com clareza sobre estes objectivos. A política faz-se de princípios e de clareza. Nunca serei cúmplice da destruição da frente ribeirinha.

"Quarto: comprometem-se agora, antes das eleições, a medidas corajosas que garantam o regresso de milhares de lisboetas à sua cidade? A garantir nas novas urbanizações ou nas reabilitações, pelo menos 20% de área para arrendamento ou venda a custos controlados? Ou continuarão a fazer da Câmara de Lisboa e da EPUL (não confundir com IPPAR ou com EPAL) um instrumento de especulação imobiliária? Esta candidatura só estará disponível para uma maioria que não se resigne a ser uma comissão liquidatária desta cidade, enquanto a especulação floresce.

"Quinto: comprometem-se agora, antes das eleições, a fazer uma escolha clara em defesa do transporte público em detrimento do transporte privado, pagando com coragem o preço político das escolhas difíceis? Foi aprovado na Câmara Municipal um plano apresentado por nós para a construção de linhas de eléctricos rápidos. É para seguir em frente ou é, como tanta coisa aprovada, para ser letra morta? Estão disponíveis para avançar para a construção de novos parqueamentos apenas para residentes? Ou continuarão a fazer do estacionamento uma oportunidade de negócio que esquece sempre os moradores dos bairros mais complicados? E estão disponíveis para estudar a possibilidade de implementar nos próximos três anos parqueamentos gratuitos exclusivamente para os habitantes da cidade? Ou continuarão a construir parques de estacionamento que não resolvem os problemas dos moradores e que incentivam a vinda de carros para Lisboa?

"Sexto: comprometem-se agora a enfrentar com coragem o despesismo que significa empresas municipais que só consomem recursos e não contribuem para resolver os problemas da cidade? A extinguir a EMEL e a EMARLIS, a acabar com as 3 SRU’s e a GEBALIS, integrando os seus objectivos numa EPUL reestruturada e virada para a reabilitação?

"É disto que se trata:

- Implementar o Plano Verde de Gonçalo Ribeiro Telles,

- Ter uma posição clara em relação à permuta do Parque Mayer,

- Travar a construção na frente ribeirinha,

- Garantir nas novas construções ou em reabilitações, pelo menos 20% de área para arrendamento ou venda a custos controlados,

- Apostar no transporte público de qualidade, construir linhas de eléctricos rápidos e parqueamento para residentes,

- Extinguir empresas municipais desnecessárias e reestruturar a EPUL.

São estas as seis condições fundamentais para acreditarmos que a próxima câmara será diferente. E só para termos uma câmara diferente podem contar com o nosso apoio.

Não me peçam para fechar os olhos. Para mudar, contam comigo. Se é para ficar tudo na mesma, ficarei na oposição. Numa maioria que inclua quem governou a cidade nos últimos seis anos, como propõe António Costa, nada disto será feito. Numa solução de Bloco Central ou de Junta Nacional, como propõe Helena Roseta, onde todos cabem e ninguém decide, nada disto acontecerá. Na realidade, a única coisa que aconteceria seria a paralisia absoluta da cidade. Cada um fechado sobre si mesmo, entregando a Câmara aos mesmos de sempre, como quer Ruben de Carvalho, são os lisboetas e a cidade que continuarão a perder. Queremos uma maioria que esteja disposta a mudar de rumo, começando por estas seis clarificações urgentes, inegociáveis. Por isso este apelo à clareza dirige-se a António Costa, Ruben de Carvalho e Helena Roseta. Lisboa não precisa de continuar nestas meias-tintas. Só com clareza se constrói a mudança.

José Sá Fernandes no jantar de campanha no Parque Meyer, sábado 30 de Junho.