Friday, June 29, 2007

Sobre carros e aviões

Um comentário na Ribeira diz-me, sobre este blog e sobre os olhos abertos às mudanças na Terra e na civilização dos próximos anos, que toda a gente se assusta mas ninguém será o primeiro a deixar o carro em casa.

Também assim me parece, embora me tenha conseguido eu libertar do automóvel, sem grande custo. Vivo em Lisboa, ando de transportes ou a pé, e sinto-me bem. Mas não acho provável a difusão da consciência ecológica, ou da consciência política que é um subsistema dela, em tempo útil. As pessoas tendem a comprar um detergente biodegradável e achar que a seguir podem apanhar um avião para Pipa de consciência tranquila. Tivemos um exemplo recente quando a ANIMAL, a associação de defesa dos direitos dos animais, organizou uma manifestação anti-tourada no Campo Pequeno e anunciou a vinda de "militantes" do México e do Zimbabwe: admito que tenham vindo de avião, e assim contribuído para a destruição da biosfera - que é o que mais importa - muito mais do que contribuíram para o respeito ao touro e ao cavalo.

Que fazer?

8 Comments:

Blogger katrina a gotika said...

Quando vi o documentário do Al Gore fui tentar comprar lâmpadas classe A. Para meu espanto, percebi que não cabiam nos caixilhos dos meus candeeiros, por isso desisti. What the fuck?! Por aqui vês que algumas coisas não dependem de actos individuais. (Por exemplo, Lisboa ainda não se distribui saquinhos de reciclagem para o lixo, e devia e não custava nada.) Mas não precisava de te dizer isto, pois não?

Quanto aos animais, digo isto como ultra-fundamentalista-alá-é-grande defensora dos animais, actualmente o problema da tourada já não me preocupa tanto como salvar os animais quatro patas, o planeta, e se com isto se safarem alguns animais de duas patas tanto melhor.
No estado que isto está, já me contento se a Terra não desaparacer do mapa. É um planeta bonito de se ver do espaço.

10:00 PM  
Anonymous Anonymous said...

Creio que as alterações do clima de que se fala tanto só podem ser evitadas à custa de catástrofes maiores do que as consequências daquelas alterações.

Provavelmente nos anos 70 já era tarde demais para prevenir o fenómeno, quanto mais agora...

Que fazer?

1. Problems can be fixed.
2. Problems are inevitable.

4:53 PM  
Blogger Goldmundo said...

Olá, gotika e tiger :)

Vou resumir já a minha opinião - que tem vindo a evoluir - antes de continuar a falar para todos e para ninguém.

Não vai acontecer nada a menos que haja de repente razões para ter medo, muito medo. Se o naufrágio não existir (os deuses nos ouçam) ou se for devagarinho, as coisas continuarão a ser o que sempre foram.

Se o medo chegar, tudo pode acontecer:

1) Podemos ver-nos em guerra com a mão que embala o berço chamado Al-Qaeda. Derrota.

2) Podemos ver, antes de as luzes se apagarem, o Império em versão claramente fascista (não é incompatível com a anterior). Derrota e vergonha.

3) Podemos ter um tempo em que a verdade seja reconhecida. Um tempo para os homens, mesmo que seja breve. No fim de contas, algum de vocês quer viver eternamente?

5:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

Sabes Gold, não é fácil imaginar um cenário de medo generalizado à escala planetária. É mais simples conceber países e regiões que vivam situações de medo, tanto mais que é isso que ocorre nas zonas do planeta ainda afectadas pela guerra, miséria, catástrofes, etc,...

Creio que a Al-Qaeda pode ser caraterizada como sendo uma reacção assimétrica às políticas recentes da administração norte-americana. O estado actual do Iraque mostra claramente que essas políticas mais não são do que um expediente para ganhar tempo tendo em vista a resolução de graves problemas dos Estados Unidos. Os EUA não produzem o suficiente para pagar aquilo que os norte-americanos consomem. Para equilibrar a situação, creio que sería necessário impôr uma quebra da ordem dos 20% (em números redondos) no nível de vida dos norte-americanos. Qual é a administração que é capaz de fazer isto?
Entretanto vai-se ganhando algum tempo, exportando a guerra e encenando um militarismo teatral. A Al-Qaeda irá naturalmente cair no esquecimento, e lembrar-nos-emos dela tal como se recordam hoje em dia os Anos de Chumbo da Alemanha do Baader-Meinhoff. São irrelevantes. A questão central é mesmo saber como proceder para que a economia americana torne a aproximar-se de um equilíbrio por todos desejável.

os Estados Unidos são o único país do mundo onde o fascismo seria teoricamente possível. São o único país que conserva a soberania nacional e uma verdadeira burguesia. Todos os outros não têm soberania nacional nem burguesia dotada de prerrogativas próprias. No entanto, a imposição do fascimo nos Estado Unidos exigiria uma derrota catastrófica do movimento operário americano. Não se vislumbram forças com capacidade de executar semelhante plano. A burguesia norte-americana teme os seus trabalhadores, como se pode medir pelos esforços desastrados da administração republicana para "exportar" os problemas.

O tempo que teremos é imprevisível... e bom, eu, motivado pela curiosidade, gostaria de ver o que irá acontecer no futuro, e à partida não me desgradaria andar por cá enquanto houvesse mundo. Esta coisa do Universo é verdadeiramente curiosa :)

5:57 PM  
Anonymous Anonymous said...

"Se o naufrágio não existir (que os deuses nos ouçam)...":

"Estes deuses assemelham-se a espantalhos num campo de pepinos". (Jeremias, 10,5).

6:07 AM  
Anonymous Anonymous said...

"Dizer a verdade... e um barquito ao fundo!" Não foi o que aconteceu com os barquitos da Fátima Felgueiras e do Isaltino! E vamos lá a ver o que é que acontece com o Carmona Rodrigues... Os eleitores, nas autárquicas, votam no ladrão que também rouba para eles... o resto do país que se lixe! E em termos gerais, votam naqueles que não dão sinais de os obrigar a mudar o estilo de vida... e as gerações futuras que se lixem...

Além disso, resta saber se o que nos dizem é a verdade! A maré negra é também uma boa imagem para a enchurrada permanente de informação/desinformação em que nos afogam! Estou convencida que toda esta malta sabe, o tempo todo, dos esqueletos nos armários - e regozija, porque não se incomodam com esqueletos, e gostam de ter armas contra o concorrente para usar no momento oportuno...

No meio disto tudo faz-me muita pena o Ribeiro Telles: lembra um cordeiro a caminho do matadouro!

6:44 AM  
Blogger Goldmundo said...

Curiosamente, não são os ladrões quem mais temo. São mesmo os parvos.

7:35 AM  
Anonymous Anonymous said...

Há ladrões que são parvos, há parvos que são ladrões, há os que são só ladrões, há os que são só parvos... a maioria é de parvos (ladrões ou não)... e é a maioria que decide as votações.

Deve haver alguma maneira de sair disto, mas digam-me qual! (devo pertencer ao número dos parvos... sinto-me como um rato no labirinto, com a pequena diferença que o rato acaba por encontrar a saída!).

12:01 PM  

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