O neco

Quando a FOCUS apresenta este homem como "o primeiro-ministro que os portugueses idealmente quereriam" compreendemos toda a extensão da maré negra.

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Vinte milhões de pessoas abandonaram as suas casas na Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal. Centenas de milhares terão perdido todo o pouco que tinham. Mil mortos para já, e diz-se que o número será corrigido (para mais) em poucas horas. "As piores cheias de sempre", diz a UNICEF.

CNN, hoje, noticia de topo no site. Não vejo que se fale disso por cá.

Mas, na edição online do "Público", um novo estudo (da Universidade de Berna) sobre as alterações do clima na Europa. "a frequência dos dias extremamente quentes quase triplicou nos últimos cem anos", "... a Europa ocidental vai passar por alguns dos maiores impactos ambientais e sociais das alterações climáticas e (...) vai continuar a sofrer Verões devastadoramente quentes como o de 2003, só que mais frequentes".

Ouço muitas pessoas a dizer que até gostam de temperaturas altas. E lembro-me de ser muito jovem e de me interrogar porque é que os judeus não sairam todos da Alemanha quando Hitler chegou ao poder. É muito grande o peso da vida fácil. E o Bangladesh, tão longe.

O patrão bravo dos patos bravos

A curiosíssima reacção dos patrões da construção civil ao anúncio do programa de habitação a custos controlados na Câmara de Lisboa, resultado do acordo que José Sá Fernandes conseguiu: "não estamos em Cuba". E acrescentou coisas patuscas, como as empresas estarem muito fragilizadas e não aguentarem tanto esforço, ou dever ser o Estado a financiar a habitação para os mais desfavorecidos e a dar "contrapartidas aos promotores".

Os patos bravos foram os primeiros a grasnar, e é bom sinal.

Na semana anterior, a notícia tinha sido a de mais hotéis de luxo no Algarve, antes da aprovação do plano de ordenamento da região. Pois não, não estamos.