O acessório e o essencial
O acessório é, e vai ser, avidamente explorado pela imprensa, pela "blogosfera" e por imensa gente mais. Reproduzo o "Público" de hoje e não vale a pena perder mais tempo.
O essencial, na sua dimensão simbólica, já é de conta da Maré Negra: o centro de Lisboa está atafulhado de uma multidão de automóveis e é preciso parar com isso já. Fizeram-se estacionamentos na Praça da Figueira, na Praça de Camões, na Calçada do Combro (este, um mamarracho de inconcebível mau gosto), e por pouco se não destruiu o Largo Barão de Quintela. Deve haver mais de que não me lembro ou não sei (não tenho automóvel e mesmo quando o tinha não me passava pela cabeça levá-lo para a Baixa). Precisamente nessas zonas, a maior parte das casas estão degradadas, se não abandonadas e a cair. Com excepção do Bairro Alto, não há ninguém nas ruas à noite. O tráfico de droga faz-se em cada esquina. O património arquitectónico e histórico é transformado em condomínios fechados.
E isto não é um problema que possa ser isolado de uma estratégia geral para a cidade, que falta, e que não pode ser levada a cabo sem que se pense na questão da propriedade urbana e do arrendamento. E estas dependem do que se faça com o emprego. E o emprego não pode ser separado da educação. E de um plano geral para o país a um prazo tão longo quanto o horizonte das alterações climáticas possa permitir (o que quer dizer, com grande pena minha, quinze a vinte anos).
Talvez o José Sá Fernandes faça bem em querer o livro branco da BragaParques. Eu penso que têm de nos ser dada, já, informação credível sobre o estado do País (basta ver o que se passa com o aeroporto para perceber do que falo). Nem dados há sobre a maior parte dos asuntos. E dados não são informação. Refiro-me à divulgação pública e gratuita de informação na internet. Compreendo que até há quinze anos fosse complicado entregar em casa das pessoas milhares de volumes impressos. Compreendo que a maior parte das pessoas não queira usar essa informação. E nem a saiba usar, ainda que queira. Afinal, há vinte anos que as escolas derramam ignorância e confusão nas cabeças dos estudantes, como petroleiros afogados no mar. Compreendo imensas coisas. Mas o poder está na informação, ou está, definitivamente, fora de alcance.
Tenho pena de não ter coração. Mas autarcas investigados e meninas loiras desaparecidas ocupam um lugar muito lá em baixo na minha lista de assuntos.
Público, edição online.
Sá Fernandes quer "livro branco" dos negócios com a Bragaparques
07.06.2007 - 13h57 Lusa
O essencial, na sua dimensão simbólica, já é de conta da Maré Negra: o centro de Lisboa está atafulhado de uma multidão de automóveis e é preciso parar com isso já. Fizeram-se estacionamentos na Praça da Figueira, na Praça de Camões, na Calçada do Combro (este, um mamarracho de inconcebível mau gosto), e por pouco se não destruiu o Largo Barão de Quintela. Deve haver mais de que não me lembro ou não sei (não tenho automóvel e mesmo quando o tinha não me passava pela cabeça levá-lo para a Baixa). Precisamente nessas zonas, a maior parte das casas estão degradadas, se não abandonadas e a cair. Com excepção do Bairro Alto, não há ninguém nas ruas à noite. O tráfico de droga faz-se em cada esquina. O património arquitectónico e histórico é transformado em condomínios fechados.
E isto não é um problema que possa ser isolado de uma estratégia geral para a cidade, que falta, e que não pode ser levada a cabo sem que se pense na questão da propriedade urbana e do arrendamento. E estas dependem do que se faça com o emprego. E o emprego não pode ser separado da educação. E de um plano geral para o país a um prazo tão longo quanto o horizonte das alterações climáticas possa permitir (o que quer dizer, com grande pena minha, quinze a vinte anos).
Talvez o José Sá Fernandes faça bem em querer o livro branco da BragaParques. Eu penso que têm de nos ser dada, já, informação credível sobre o estado do País (basta ver o que se passa com o aeroporto para perceber do que falo). Nem dados há sobre a maior parte dos asuntos. E dados não são informação. Refiro-me à divulgação pública e gratuita de informação na internet. Compreendo que até há quinze anos fosse complicado entregar em casa das pessoas milhares de volumes impressos. Compreendo que a maior parte das pessoas não queira usar essa informação. E nem a saiba usar, ainda que queira. Afinal, há vinte anos que as escolas derramam ignorância e confusão nas cabeças dos estudantes, como petroleiros afogados no mar. Compreendo imensas coisas. Mas o poder está na informação, ou está, definitivamente, fora de alcance.
Tenho pena de não ter coração. Mas autarcas investigados e meninas loiras desaparecidas ocupam um lugar muito lá em baixo na minha lista de assuntos.
Público, edição online.
Sá Fernandes quer "livro branco" dos negócios com a Bragaparques
07.06.2007 - 13h57 Lusa
José Sá Fernandes disse hoje que vai pedir à comissão administrativa que gere a câmara de Lisboa a relação de "todos os negócios" com a Bragaparques até às eleições intercalares, em nome da "transparência". "Este último executivo não me deu essa relação. Vou pedir à comissão administrativa. É a única maneira de acabar com o jogo do empurra. Exijo um livro branco de todos os negócios com a Bragaparques", afirmou o candidato independente apoiado pelo Bloco de Esquerda.
À margem de uma acção da pré-campanha eleitoral para a câmara de Lisboa, no aeroporto da Portela, Sá Fernandes defendeu que, "a bem da transparência", os cidadãos de Lisboa devem poder ter acesso à relação de todos os negócios com a empresa Bragaparques.
O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) informou terça-feira que solicitou à PJ que procedesse à "averiguação prévia documental" relativamente ao projecto de construção de gestão do parque de estacionamento subterrâneo da Praça da Figueira.
O processo foi aberto na sequência de declarações do ex-presidente da Câmara de Lisboa Carmona Rodrigues ao "Expresso", de modo a verificar se existe suspeita da prática de ilícito criminal.
Em entrevista à última edição do "Expresso", Carmona Rodrigues, candidato independente às eleições intercalares para a autarquia da capital, responsabilizou João Soares (que liderava na autarquia uma coligação PS/PCP) por ter trazido a Bragaparques para Lisboa.
Ao "Expresso", Carmona Rodrigues disse ter ficado "de boca aberta" quando Domingos Névoa lhe contou ter construído o parque da Praça da Figueira "sem concurso", sem "processo na câmara" e sem facturas.
Em declarações à Lusa, o ex-presidente da Câmara de Lisboa João Soares disse ontem desconhecer qualquer "averiguação prévia documental" pela Polícia Judiciária à construção e gestão pela Bragaparques do parque de estacionamento subterrâneo, mas afirmou concordar com a iniciativa.
O autarca socialista afirmou que "tudo o que foi feito" nos seus mandatos na autarquia da capital - seis anos como vereador e seis anos como presidente - "foi feito no quadro da mais estrita legalidade".
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